por paulo eneas
Um dos argumentos usados por jornalistas e por algumas autoridades públicas que integram a torcida organizada em favor do vírus é o de que deve-se “acreditar” somente na ciência. O uso retórico, e na maioria da vezes cínico, desse argumento denota a ignorância do falante em relação à própria natureza da atividade científica.
Aqueles que empregam essa retórica ignoram que a ciência não diz respeito a “acreditar” nela. Ciência tem a ver com apreensão de evidências empíricas naturais ou experimentais e confrontação dos dados colhidos destas evidências com as hipóteses que propõem-se a descrever dado fenômeno. Esta confrontação é sempre feita com base no ceticismo científico.
Em havendo consistência entre os dados observados e as hipóteses, diz-se que a hipótese mostrou não estar errada, e não que ela foi comprovada. Pois não existe “prova” em ciências, mas tão somente o reconhecimento da validade, em geral temporária, de uma dada hipótese, que então passa a ser tratada como uma teoria ou lei natural.
Epistemologicamente, só faz sentido falar em prova no contexto da lógica formal, cujas proposições não guardam necessariamente qualquer relação com o mundo material. Afirmar que tal ou qual fato foi “cientificamente comprovado” constitui-se no máximo em um abuso de linguagem.
O apelo retórico a autoridade da ciência por meio de uma suposta “prova” científica para justificar escolhas, que são em última instância escolhas políticas, vem sempre acompanhado da desonestidade intelectual própria de quem coloca esta exigência de prova de maneira seletiva. A mesma seletividade observada nos juízos morais de quem está comprometido com uma causa, e não com a busca da verdade.
Exemplo desta seletividade reveladora de uma desonestidade intelectual pode ser observado quando argumenta-se a falta de “prova científica” para o uso da hidroxicloroquina e medicamentos associados pra tratamento precoce do vírus chinês.
A desonestidade intelectual nesse caso reside em ignorar as evidências empíricas, relatadas por médicos em todo o mundo, que mostram para além de qualquer dúvida razoável, a eficácia do medicamento em circunstâncias bem delimitadas. Não pode pretender usar argumento supostamente científico quem decide ignorar uma evidência empírica, que é a base para a validação de qualquer proposição científica.
A seletividade, por sua vez, reside na ausência de qualquer apelo a argumento supostamente científico para justificar a adoção de medidas de isolamento e confinamento social. Estas medidas são adotadas como se sua validade e eficácia fossem auto-evidentes, carecendo portanto da necessidade de qualquer “comprovação” científica.
Quando confrontados com o fato de que estas medidas de isolamento não têm impedido a propagação do vírus (como de resto nunca impedirão, conforme ensina a ciência da epidemiologia) os adeptos destas medidas de engenharia social outra vez usam da desonestidade intelectual ao afirmar que se não fosse o isolamento o cenário seria pior.
Essa alegação usa da falácia do argumento pós fato, que consiste em estabelecer uma relação não verificada de causa e efeito entre uma suposta causa e um evento hipotético.
Nesse caso, a causa seria a não adoção das medidas de isolamento, e o efeito seria um suposto aumento no número de casos da doença do vírus chinês. Obviamente, como essa relação não tem como ser verificada empiricamente com facilidade, ainda que existam evidências robustas mostrando exatamente o contrário, novamente emprega-se um argumento sofista como arremedo de um argumento científico.
A epidemia do vírus chinês ensejou o maior e mais violento experimento de engenharia social que se tem notícia na história. Essa engenharia social, que conseguiu literalmente aprisionar mais da metade da população do planeta, veio acompanhada de uma igualmente violenta retórica obscurantista travestida de argumento científico. É contra essa engenharia social e sua retórica pseudo-científica que o Ocidente precisa reagir.
Fonte: Crítica Nacional
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