Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, é uma das principais vozes do empresariado brasileiro. Com um negócio que emprega 40 mil pessoas e tem 1.100 lojas físicas espalhadas pelo país, ela sentiu medo da pandemia causada pelo novo coronavírus. Medo por sua saúde e de sua família, medo pela saúde dos funcionários, e, claro, medo pela saúde dos seus negócios. Mas não se deixou abater.
A empresária se apresentou durante o Festival Alma, evento digital gratuito realizado pelo Grupo Anga, que acontece até o dia 9 de abril. “O medo é paralisante. Quando você é dominado por ele, não enxerga mais nada”, diz Luiza à Sandra Boccia, diretora editorial e Época NEGÓCIOS, parceira de mídia do festival.
Depois de compartilhar seus temores com pessoas de confiança e se isolar com a família no interior de São Paulo, Luiza Helena Trajano saiu da “paralisia” e voltou ainda mais forte. Sob seu comando, viu o negócio liderar uma série de iniciativas em prol da saúde dos funcionários.
A Magazine Luiza fechou todas as lojas físicas do Brasil sem demitir nenhum funcionário, à exceção daqueles que estavam em período de experiência. Mesmo assim, Luiza espera recontratá-los após a crise da pandemia. A varejista colocou quase metade dos 40 mil funcionários em férias, reduziu os salários dos diretores e adiou investimentos planejados para 2020. Luiza, ao lado de outros empresários, também entrou em um movimento chamado #NãoDemita, a fim de convidar empresas a refletirem sobre a questão durante a pandemia. Mil empresas aderiram ao movimento até agora, entre elas companhias como Grupo Pão de Açúcar.
“Eu costumava dizer que a gente vivia de ondas de mudança de paradigma. Primeiro, o poder foi a força física; depois, o dinheiro; e hoje em dia, o conhecimento. Mas cada onda levava 100 anos para acontecer. O que aconteceu agora com a pandemia é que vivemos uma mudança de 50 anos em cinco dias”, diz a empresária.
Luiza concorda com o que vem sendo dito por muitos especialistas nas últimas semanas: o mundo não será o mesmo daqui para frente. “Não adianta reclamar e ficar preso ao passado, porque não vai ser igual. Os escritórios, as casa, a forma de pensar e a forma de ganhar dinheiro já vinham mudando. Agora, tudo vai mudar de vez.”
Sobre o momento, ela entende que agora é necessário respeitar as ordens de isolamento social. “Não adianta abrir loja, porque não vai ter ninguém para comprar”, afirma. O cenário também pode ser visto como uma oportunidade para empresários refletirem sobre o que ela chama de “capitalismo selvagem”. “O poder e o dinheiro são o que mais atrapalham quando um negócio está crescendo. É preciso ser mais consciente.”
“Se cada um fizer o seu papel, se você tem condições de ajudar profissionais que estão sem renda, ou pelo menos dar alguma coisa por mês, aí já deixa de ser selvagem. Tem que começar por nós. Temos que dar o exemplo”, afirmou.
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