Não se trata, já há muito tempo, de expor com provas físicas, e à luz do sol, a militância aberta e implacável do STF em favor da ladroagem e dos ladrões. Chegamos, agora, à fase de bater os últimos pregos do caixão. O ministro Gilmar Mendes, depois de tudo o que fizeram, foi capaz de anular todas as provas de corrupção contra o ideólogo-chefe do PT, José Dirceu — preso não menos que três vezes, em ocasiões e por gatunagens diferentes. Na verdade, Gilmar Mendes “confirmou o apronto”, como se dizia antigamente no turfe. Apenas repetiu o que eles fazem sistematicamente; o estranho seria agir de outra maneira.
A anistia particular do ministro para Dirceu é o Everest na histórica escalada do STF para a sua posição atual de Vara Nacional de Assistência à Corrupção e aos Corruptos. É muito simples. O Brasil é um dos países mais corruptos do mundo, segundo os rankings de todas as organizações mundiais sérias que medem índices de corrupção — não há um único preso por corrupção em todo o sistema penitenciário do Brasil.
A regra é clara. Você roubou? Então vá ao Supremo que lá eles resolvem o seu problema.
Desde, é claro, que o ladrão conte com a bênção do “campo progressista”. Não existem casos impossíveis ali. O ex-governador Sérgio Cabral, por exemplo: foi condenado por corrupção confessa, e com excesso de provas, a 400 anos de cadeia. O STF mandou soltar. O presidente Lula, padroeiro de todos eles, foi condenado em três instâncias sucessivas e por nove juízes diferentes por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ministro Edson Fachin mandou soltar.
Os empresários da Odebrecht e da J&F roubaram, confessaram e aceitaram pagar cerca de R$ 20 bilhões, por aí, para sair do xadrez. O ministro Dias Toffoli mandou devolver o dinheiro — de forma que eles nem ficaram presos e nem pagaram um tostão. Gilmar Mendes mandou soltar três vezes seguidas um acusado de corrupção no Rio de Janeiro; o homem é pai da afilhada de casamento do ministro.
O STF pede, simplesmente, que você acredite no seguinte: todos os acusados de corrupção neste país são inocentes, sem exceção.
Ninguém rouba no Brasil. É tudo mentira.
Fonte: J.R. Guzzo (Recortes - Estadão, 30/10/2024)
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