segunda-feira, 14 de maio de 2018

"Será..."

Temos dois grupos bem definidos no Alto Comando Militar: os moderados (liderados pelo general Villas-Boas) e os "linha dura" (liderados pelo general Mourão), os moderados acreditando que o ponto de ruptura ainda não havia chegado e, portanto não seria adequada uma intervenção, enquanto os linha dura já vislumbrava um claro movimento do Executivo em tentar frear a Lava Jato e ao mesmo tempo do STF em salvar a principal liderança petista e única com chance de se eleger presidente e "estancar a sangria" produzida pela Lava Jato. Meses atrás, pela lista de pontuação do Exército, Mourão seria o nome natural para substituir Villas Boas, que sabendo do posicionamento divergente de Mourão em relação aos moderados, lutou para permanecer no cargo mesmo com uma doença neurodegenerativa. A estratégia de Mourão agora ficou muito clara: ao expor o posicionamento da ala "linha dura" (majoritária no Exército inclusive entre as patentes mais baixas na caserna ) no famoso discurso feito em uma loja maçônica, ele na verdade forçou a sua ida para a reserva (sabendo que Villas Boas se manteria no cargo) exatamente para dar início a um novo movimento dos militares: viabilizar candidaturas de militares da reserva para as eleições de 2018, em especial para o Congresso Nacional.

Mas a idéia foi ainda mais genial pois Mourão não apenas conseguiu "ler" claramente o anseio da maioria do Exército como também das ruas e juntamente  com isso entrar em um "denominador comum" com a ala mais moderada liderada por Villas Boas. E qual foi esse denominador comum? Ambas as alas concordaram que a soltura (habeas corpus) de Lula e sua viabilização como candidato (sendo um ficha suja) uma clara quebra da Constituição e do ordenamento jurídico, algo que não poderia ser permitido e que ao mesmo tempo criaria espaço para que as forças vermelhas pudessem voltar ao poder, em virtude da fragilidade das urnas (inauditáveis). Sendo assim ficou estabelecido que apenas em três hipóteses haveria uma intervenção militar antes de 2019: Lula solto por HC, Lula candidato as eleições e qualquer nome contrário a Bolsonaro eleito por urnas inauditáveis.

Fora desse cenário extremo as duas alas adotaram uma nova estrategia em conjunto: buscar utilizar o sistema eleitoral para eleger nomes ligados ao Exército (reserva) e criar um "plano B" para o caso de Bolsonaro ser cassado pelo STF: a candidatura, na verdade pré candidatura presidencial do general Mourão pelo PRTB confirmada pelo jornalista Leudo Costa do site Cristalvox é o ponto que deixa toda a estratégia descrita até aqui como cristalina.

Nas últimas semanas o STF "surpreendentemente" tomou decisões inesperadas: primeiramente na votação para manter a condenação em segunda instância e rejeitar o HC de Lula, votação que foi precedida por intensa manifestação popular e por duras mensagens dos comandantes do Exército, inclusive Villas Boas. A mensagem dele foi a "senha" para os ministros: a ala moderada (de Villas Boas) estava agora "fechada" com os linha dura e a maioria da caserna, o Exército pronto e com a estratégia definida para entrar em ação. A confirmação veio logo em seguida, quando Tóffoli tentou tirar de Moro as investigações ja avançadas sobre o caso do triplex de Lula e sua ligação com a Petrobrás: diante da recusa de Moro (que claramente se recusou a cumprir a ordem de Tóffoli), o magistrado do STF teve que vir a público desdizer o que havia dito, que não era bem assim, que o processo continuava com Moro (a quem ele iria recorrer de uma negativa de Moro? Ao Exército?? é claro que não). Por fim a segunda turma iniciou no dia 04 o julgamento virtual de um novo pedido de HC para Lula: tais julgamentos virtuais ocorrem normalmente em sentenças já assentadas pelo pleno do STF e funcionam como uma espécie de recurso desesperado da defesa, já que normalmente a turma não desfaz uma decisão já tomada pelo pleno, exatamente o que Tóffoli fez ao seguir Fachin e negar o HC para Lula (Celso de Mello fechou a votação, que se encerrou no dia 10). Ou seja, os ministros do STF já entenderam qual a linha que não podem passar e por isso Lula ficará preso e inelegível, a não ser que eles queiram uma intervenção antes das eleições.

Pra piorar um pouco o lado dos corruptos e melhorar o lado da Lava Jato, a operação "Cambio Desligo" que prendeu dezenas de doleiros e tem material para investigar mais de 3 mil offshores (empresas de fachada no exterior para lavar dinheiro ilícito) vai frear bastante a entrada de dinheiro ilícito nas campanhas, além de trazer provas contra políticos (sobretudo do pt e pmdb) e empresários ligados ao esquema, sepultando de vez muitos corruptos que ainda sonhavam conseguir um eleição.

Mourão nos últimos dias já reiterou apoio total a Bolsonaro, assim como Bolsonaro ja afirmou que ele será seu ministro da Defesa. Mourão se quiser se elege fácil como deputado federal ou até mesmo governador do RJ, ele já é nome garantido do próximo governo e será candidato a presidente em caso da cassação de Bolsonaro, o que estará esclarecido até meados de agosto. Como a opção de Mourão é ainda mais dura do que a eleição de Bolsonaro acredito que o STF vai enterrar a ação contra Bolsonaro.

Lula continuará preso em regime fechado e nada impedirá a ascensão dos militares ao poder máximo do Executivo, seja pela via democrática, seja pela intervenção. O processo de limpeza da Lava Jato com essa nova fase dos doleiros e a própria expansão do fim do foro privilegiado que acontecerá na próxima legislatura permitirão toda a limpeza necessária dentro da política e as medidas necessárias, como a aprovação do voto distrital misto para que em 2022 um Congresso realmente eleito pelo voto do povo (sem os puxadores de voto do atual sistema proporcional) seja eleito e possa realizar a necessária Constituinte, uma nova Constituição mais dura ao combate a corrupção e que definitivamente proíba o marxismo em solo brasileiro, derrubando as últimas barreiras ideológicas em escolas e universidades.

Nota da redação.

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