sexta-feira, 16 de novembro de 2018

As opiniões polêmicas do novo chanceler do Governo de Bolsonaro

Achamos interessante repassar matéria da Exame.com para que nossos leitores tenham uma visão do pensamento de nosso futuro Chanceler.

São Paulo – O diplomata Ernesto Araújo, novo ministro das Relações Exteriores anunciado nesta quarta-feira (14) pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, tem ideias controversas.
No final de setembro, ele iniciou um blog chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo” em que usa seu nome real e deixa claro sua identidade, apesar de não se definir como diplomata.
“Sou Ernesto Araújo. Tenho 28 anos de serviço público e sou também escritor. Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema anti-humano e anti-cristão. A fé em Cristo significa, hoje, lutar contra o globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrir-se para a presença de Deus na política e na história.”
O Itamaraty permite que posições pessoais sejam expressas se acompanhadas de um disclaimer, um aviso de que elas não refletem a posição oficial do governo. O blog inclui o disclaimer.
Entre seus alvos preferidos estão a “esquerda globalista” e sua política “antinatalista”. Alguns posts mais antigos estão fora do ar. Veja a seguir o que Araújo escreveu sobre alguns temas:

Sobre “grandeza” e adesão aos regimes internacionais [veja o post completo]:

“O desejo de grandeza é o que de mais nobre pode haver numa nação que se coloca diante do mundo.
Mas alguém decidiu definir a presença do Brasil no mundo por sua adesão aos “regimes internacionais”, por sua obediência à “ordem global baseada em regras”. O Brasil assim concebido quer ser apenas um bom aluno na escola do globalismo. Não quer nem mesmo ser o melhor aluno, pois isso já seria destacar-se demais, já envolveria um componente de vontade e grandeza que repudiamos. (…)
A grandeza mobiliza e organiza um povo, cria sentido e gera energia humana, sabidamente a mais preciosa forma de energia. Nada pior para os planos da ideologia esquerdista. A esquerda não tem o menor interesse em justiça social, mas utiliza esse conceito para contaminar a água da nação, para criar pessoas raivosas e ignorantes e assim desmobilizar o povo, proibi-lo de ter ideais, separá-lo de si mesmo, desligar a energia criativa. Justiça social, direitos das minorias, tolerância, diversidade nas mãos da esquerda são apenas aparelhos verbais destinados a desligar a energia psíquica saudável do ser humano.
A aplicação dessa ideologia à diplomacia produz a obsessão em seguir os “regimes internacionais”. Produz uma política externa onde não há amor à pátria mas apenas apego à “ordem internacional baseada em regras”. A esquerda globalista quer um bando de nações apáticas e domesticadas, e dentro de cada nação um bando de gente repetindo mecanicamente o jargão dos direitos e da justiça, formando assim um mundo onde nem as pessoas nem os povos sejam capazes de pensar ou agir por conta própria. O remédio é voltar a querer grandeza. Encha o peito e diga: Brasil Grande e Forte.”

Sobre o Partido dos Trabalhadores [veja o post completo]:

“Não há nada que o PT odeie tanto quanto a liberdade: liberdade econômica, liberdade de pensamento, liberdade de expressão. Isso porque o PT, fiel ao “belo ideal socialista”, odeia o ser humano.
Deixado a si mesmo, o ser humano cria e produz, ama e constrói, trabalha e confia, realiza-se e projeta-se para a frente. Então não pode. O PT (que aqui significa não apenas “Partido dos Trabalhadores”, mas também Projeto Totalitário ou Programa da Tirania) não pode deixar o ser humano a si mesmo.
Como você faz isso? Culpando. Criminalizando tudo o que é bom, espontâneo, natural e puro. Criminalizando a família sob a acusação de violência patriarcal. Criminalizando a propriedade privada. Criminalizando o sexo e a reprodução, dizendo que todo ato heterossexual é estupro e todo bebê é um risco para o planeta porque aumentará as emissões de carbono. Criminalizando a fé em Deus. Criminalizando o bom-humor e a piada. Criminalizando o orgulho de pertencer a um grupo. Criminalizando o patriotismo. Criminalizando a biologia ao proibir que se diga que uma pessoa nasce homem ou mulher. Criminalizando a competição (“esporte é uma coisa fascista”, ouvi dizer certa vez a uma colega esquerdista). Criminalizando a carne vermelha. Criminalizando o ar condicionado. Criminalizando a beleza. Criminalizando todos os pensadores ocidentais desde Anaximandro. Criminalizando a história e seus heróis. Criminalizando os filmes da Disney. Criminalizando o amor aos filhos e aos ancestrais. Criminalizando o petróleo ou qualquer energia eficiente e barata. Criminalizando a existência do ser humano sobre a terra. Criminalizando a justiça para proteger os corruptos.
A única coisa que o Projeto Totalitário não criminaliza é o próprio crime e os próprios criminosos. Ou seja, o PT criminaliza tudo, menos a si mesmo.
(…) O ideal do PT (já expresso por alguns ecologistas radicais) é que a espécie humana não existisse. Já que existe, ainda, vamos fazer dela o pior possível, para que a humanidade se odeie tanto a ponto de um dia cometer suicídio. Sim, o Projeto Totalitário, do qual o “Partido dos Trabalhadores” faz parte integralmente até a medula dos seus ossos e até o fundo do buraco que tem no lugar do coração, é levar a humanidade ao suicídio. Para isso precisa destruir a alegria de viver, que depende da liberdade. Censurar o Whatsapp é mais uma tentativa.”

Sobre fake news [veja o post completo]:

“Fake news é o poder da grande mídia de selecionar e reorganizar os fatos para induzir os leitores a uma certa reação pré-determinada. Quem é contra as fake news, como Trump, quer limitar esse poder da única maneira possível: chamando a atenção do público para sua existência e dando o máximo de liberdade para as fontes de informação alternativa, capazes de reunir e apresentar os pedaços de fatos que a grande imprensa recortou e jogou fora (…)
A esquerda apoderou-se da expressão fake news e girou-a para o outro lado, passando a utilizá-la para atacar justamente as fontes alternativas de informação (redes sociais, Youtube, etc). “Cuidado com as fake News” passou a ser um pretexto para censurar e calar as vozes que tentam trazer ao público aqueles enormes pedaços da realidade que a grande mídia controlada pela esquerda desprezou, porque não correspondiam à narrativa que ela quer promover. (…)
Na internet há muitas notícias falsas, outras verdadeiras, e a beleza da coisa é que o homem tem a capacidade de pesquisar, conversar, raciocinar e finalmente distingui-las. Já na grande imprensa globalista, tudo é potencialmente falso, porque tudo obedece a uma narrativa-mestra que visa à preservação e expansão do poder da elite sobre as pessoas comuns.”

Sobre mudanças climáticas [veja o post completo]:

” O climatismo é basicamente uma tática globalista de instilar o medo para obter mais poder. O climatismo diz: “Você aí, você vai destruir o planeta. Sua única opção é me entregar tudo, me entregar a condução de sua vida e do seu pensamento, sua liberdade e seus direitos indivuduais. Eu direi se você pode andar de carro, se você pode acender a luz, se você pode ter filhos, em quem você pode votar, o que pode ser ensinado nas escolas. Somente assim salvaremos o planeta. Se você vier com questionamentos, com dados diferentes dos dados oficiais que eu controlo, eu te chamarei de climate denier e te jogarei na masmorra intelectual. Valeu?”

Sobre um suposto projeto “antinatalista” da esquerda [veja o post completo]:

“A esquerda (de modo muito claro no Brasil, mas também em outras partes) sabe que está perdendo a luta no terreno político-econômico, devido à sua opção preferencial pela corrupção e à sua incompetência na gestão pública. Diante disso, tenta levar o debate para o terreno da metapolítica e se concentra na pauta do aborto, da “laicidade”, da diversidade, da ideologia de gênero, da racialização da sociedade, da imigração irrestrita.
Todas essas bandeiras se conjugam sob o conceito do antinatalismo. A esquerda se define, hoje, como a corrente política que quer fazer tudo para que as pessoas não nasçam. Aborto, criminalização do desejo do homem pela mulher, contestação do “patriarcado” e da diferenciação entre os sexos, desmerecimento da reprodução, sexualização das crianças e dessexualização ou androginização dos adultos, demonização de qualquer defesa da família ou do direito à vida do feto como “fundamentalismo religioso”, desvalorização da capacidade gestativa da mulher, tudo isso aponta num único sentido: não nascer. É triste, é difícil de entender, mas não há como não enxergar essa mensagem e objetivo no programa da esquerda.”

Sobre raça e imigração [veja o post completo]

“Já o racialismo – isto é, a divisão forçada da sociedade em raças antagônicas – e o imigracionismo irrestrito convergem para um antinacionalismo completo. O parentesco etimológico entre nascimento (de nasco, nascis, natum) e nação (de natio, nationis) corresponde a um parentesco lógico e sentimental. Nação é uma comunidade de nascimento, um corpo de pessoas nascidas em certo espaço cultural e físico – mais cultural do que físico – e que se ligam através de seus ancestrais também nascidos naquele espaço, bem como aos seus descendentes por nascer, o que proporciona ao conceito um sentido de continuidade no tempo.
Existe uma profunda relação natural (de natura, evidentemente também proveniente da mesma raiz nat-) entre o nascimento, fato central na estruturação de uma família, e a nação, uma espécie de família estendida. Isto não implica negar que pessoas nascidas em outro espaço cultural e físico possam incorporar-se a uma determinada nação, mas para tanto é preciso que essa nação exista e possua a autoconvicção de sua existência de maneira a absorver os que nela ingressam – tanto assim que o ato de incorporar um estrangeiro à sua nação se chama ainda “naturalização”, o que significa “tornar conforme à natureza”, ou digamos “imitar a natureza, reproduzir a natureza”, quase como se a pessoa nascida em outro espaço que deseje incorporar-se a uma nova nação tivesse de passar por um novo nascimento ao “naturalizar-se”. De tal maneira, não surpreende que uma esquerda antinatalista seja também antinacionalista.”

Sobre “mitos” e a teoria do “fim da história” de Francis Fukuyama [veja o post completo]:

“No Brasil, o mito está tocando a história e fazendo-a renascer. Esse toque é raríssimo e precioso. Apenas o mito empresta vitalidade à história. O marxismo, que quer encerrar a aventura humana (por saber que nessa aventura o homem acabará encontrando a Deus), odeia por isso o mito, e consequentemente planeja o fim da história.
A “utopia” marxista tem por objetivo eliminar toda as contradições da vida humana, criando a sociedade comunista e promovendo o fim da história. Sim, o fim da história é a uma meta marxista. A globalização triunfante que, no início dos anos 90, proclamou o fim da história, não estava senão enunciando um conceito marxista. Mais do que isto: sem o saber, estava hasteando a bandeira comunista ao mastro de uma nova sociedade universal materialista.”






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