Foco na questão de ordem e no rito por ela definido deixou governistas mais tontos que Brasil jogando contra a Alemanha.
Muitos estranharam como a oposição anunciava aos quatro ventos de que maneira abriria o impeachment. O colunismo político foi inundado por notinhas explicando o passo a passo: Cunha rejeitaria, a oposição recorreria ao plenário e abriria o processo com maioria simples. Tudo parecia dentro do script, inclusive com uma questão de ordem apresentada pelo líder do Democratas, deputado Mendonça Filho (PE) e respondida por Cunha neste sentido. Parecia. Com o desespero tomando conta do Palácio do Planalto e seus jagunços, o governo partiu para o vale-tudo: recorreu ao Supremo, com duas medidas liminares (que por sorte caíram nas mãos de dois ministros amigos) suspendendo o rito definido por Cunha na questão de ordem.
Motivo para comemorar? Os governistas acharam que sim. Isso ficou claro no jornalismo político amigo, na reação da imprensa aliada e nos fogos que lideranças governistas com o cérebro do tamanho de uma ervilha soltaram em público. Acontece que a decisão do Supremo passou longe do cerne da questão: Cunha ainda pode abrir o impeachment por decisão monocrática, como definido na Constituição. Não há nada, absolutamente nada que o impeça disso.
Hoje a oposição aditou a petição inicial de Hélio Bicudo e Janaína Paschoal, já anteriormente aditada por Miguel Reale Júnior. O quê entrou de novo no processo? Basicamente saiu-se da divagação teórica e da discussão interminável sobre o impeachment se dar por crimes praticados no mandato passado e se foi para o objetivo: Dilma cometeu crimes em 2015 que justificam seu impeachment.
Cunha deve indeferir os últimos pedidos de impeachment hoje. Não haverá reação da oposição. Amanhã ou na quinta-feira Cunha deve deferir o pedido de Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior já aditado. Terá início a contagem regressiva para o fim do mandato de Dilma.
OS PRAZOS PARA O IMPEACHMENT
Aceito o pedido, Cunha deve ler o relatório de aceitação na sessão seguinte. Depois disso, os partidos tem 24 horas para indicar os membros da comissão processante (são 60 membros divididos proporcionalmente entre os partidos com representação no Congresso). Escolhidos os membros, a comissão tem 48 horas para ser instalada, com Presidente e Relator eleitos.
Feito isso, Dilma deve ser notificada e terá um prazo de 10 sessões da Câmara para apresentar a defesa. Apresentada a defesa, a Comissão tem um prazo máximo de cinco sessões para avaliá-la e votar um relatório. O relatório deve ser referendado por 31 membros e é então submetido ao Plenário da Câmara.
Para que o impeachment seja definitivamente aceito, serão necessários 342 votos dos deputados. Em caso de aceitação, Dilma é imediatamente afastada do cargo, o processo é remetido ao Senado que tem então seis meses para julgá-la em definitivo. Assume de imediato o vice-presidente da República
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