quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Saída de Wagner Rossi do ministério repercute no Plenário

O pedido de demissão do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, repercutiu nesta quarta-feira entre deputados da base e da oposição. Enquanto governistas minimizaram a saída, relacionando-a a uma questão familiar, deputados da oposição disseram que o pedido de demissão reforça a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para analisar a corrupção nos ministérios.


Leonardo Prado

Duarte Nogueira: "O modelo de distribuição de cargos está saturado".
Para o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), a queda de Wagner Rossi mostra que o modelo de distribuição dos cargos está saturado. “Depois da explosão do esquema do mensalão, o Governo Lula substituiu o modus operandi de adquirir apoio pela entrega de partes do governo para a base sem analisar os critérios técnicos do indicado ou estabelecer metas. Agora isso explodiu no colo da presidente Dilma”, avaliou Nogueira.

Da mesma forma, o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), avaliou que a saída de Rossi diante das denúncias reforça a criação da CPI da Corrupção. “A corrupção está alastrada pelo governo e é por isso que a oposição tem insistido que a CPI é a única faxina eficiente”. Até o início da noite, o requerimento de criação da CPI tinha 114 assinaturas de deputados, das 171 necessárias; além de 20 dos 27 senadores.

Wagner Rossi pediu demissão no início da noite de hoje, após várias denúncias de irregularidades no Ministério da Agricultura. A mais recente era a de que ele teria usado um jatinho de uma empresa do ramo agropecuário. Na carta de demissão, Rossi alegou “motivos familiares” para deixar o cargo.

Os critérios de nomeação para os cargos no Executivo também foram questionados pelo líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ). “Um ministério com alguém que não é da área, que tem uma tradicional prática política, fisiológica, como sabemos, acaba semeando pepino e abacaxi”, ironizou.

Base defende
Deputados da base, por outro lado, defenderam Rossi e atribuíram sua saída a “uma questão política e familiar”. O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), reafirmou a inocência do ex-ministro. “Por uma carona em avião, ninguém pode deduzir que um ministro vai tomar uma decisão favorecendo uma empresa. Tem de ter um limite nas ilações”, afirmou.


Arquivo/ Beto Oliveira

O líder do governo, Candido Vaccarezza, negou que haja uma campanha contra o PMDB.
Vaccarezza disse ainda que a presidente Dilma Rousseff não teria solicitado que Rossi deixasse o cargo. Ele também negou que haja uma campanha contra o PMDB. “O PMDB é um aliado firme e estamos aqui de braços dados no Parlamento, atuando juntos”, garantiu.

Na avaliação do vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), Rossi preferiu deixar o ministério a permitir que as denúncias contaminassem integrantes do partido. “Estava bastante insustentável a situação dele, até porque acabava batendo no vice-presidente da República, Michel Temer, uma vez que se sabe dos vínculos que eles têm.”

O vice-líder do governo deputado Odair Cunha (PT-MG) lamentou a saída de Wagner Rossi e disse que o ex-ministro cumpriu um papel importante, mas acabou tendo a vida pessoal “muito exposta”.

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